domingo, 29 de agosto de 2010

Homenagem

Uma homenagem a Ferreira Gullar que faz aniversário no próximo dia 10 de setembro, com um dos poemas mais lindos que já li:

TRADUZIR-SE

"Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.

uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.

Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.

Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.

Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.

Traduzir-se uma parte
na outra parte
- que é uma questão
de vida ou morte -
será arte?"

O que somos nós a não ser paradoxo e contradição?

Beijos e um ótimo domingo, Cakau.

domingo, 22 de agosto de 2010

Passion is in the air...

"Quando um certo alguém desperta um sentimento

é melhor não resistir e se entregar..."

(Lulu Santos)

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Juventude

Hoje li uma mensagem que uma amiga postou no Orkut, perguntando qual era o segredo de eu não envelhecer...rs...
E fiquei um tempo a pensar...

Meu ex best diz que é porque sou a Sleepy Beauty, realmente tenho a necessidade de dormir muito, por no mínimo 9 horas...
Diria que é porque costumo me alimentar bem...me encher de bons pensamentos, de cuidar da pele...pode ser tudo isso, ou nada disso.

A resposta que me sai do coração é: procuro ser feliz, no matter how.

Sorrio muito.
Cumprimento à todos.
Agradeço sempre.
Procuro aprender.
Alimento a minha alma.
Mesmo quando pensam que estou parada no tempo.
Vivo pensando, vivo vibrando.

E acho que é isso.
Amo a vida mesmo nos meus piores dias...
Levanto a cabeça e não " desço do salto ".
Olho adiante..para frente e para cima.
Pára trás a para baixo...só para relembrar alguma lição perdida, ou para saber onde estou pisando. E basta!

Cris, acho que a resposta é essa:
Amar a vida.
Seguir em frente.
E confiar.

Acreditando que a felicidade é para já, agora mesmo.
Isso é palavra de ordem.

E tudo isso vem da alma...

boa semana!

Stellita.
09/08/10.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

O melhor

Hoje, meu coração está triste. Acabei de saber que o incomparável José Saramago, escritor português, morreu, aos 87 anos.

Há muitos anos atrás, comecei a me interessar por sua obra. O primeiro livro que adquiri foi “Memorial do convento”. Sua maneira de escrever me surpreendeu a ponto de ter que me esforçar para terminar de ler. Na primeira vez, não consegui, confesso.

Algum tempo se passou e aquilo se tornou um ponto de honra para mim, afinal eu nunca tinha deixado um livro inacabado. De vez em quando eu me lembrava, olhava para ele na estante e pensava: “Me aguarde”. Finalmente, encarei com garra e consegui.

Vocês podem querer saber qual foi a minha dificuldade e eu digo que só quem leu alguma obra do Saramago, principalmente essa, pode me entender. É um desafio de concentração, de raciocínio, de entendimento, mas, posso garantir que somos recompensados não só com o seu humor ácido e espirituoso, um traço comum em suas obras, como também por seus questionamentos que nos obrigam a realmente parar e pensar.

Ele foi capaz de me fazer rir enquanto lia um drama como , “Ensaio sobre a lucidez”, um dos que eu mais gostei, por sinal. O que ele consegue fazer com as palavras, em arranjos fora do comum, é inacreditável. Enquanto estava lendo, me perguntei várias vezes: “Como não pensei nisso antes?” A resposta é óbvia: ele foi um dos maiores gênios literários que o mundo contemporâneo conheceu!!

Sua obra, seu talento, sua consistência ficarão gravados na minha mente e em meu coração, que se enchia de expectativa a cada livro que eu começava a ler.

Sem dúvida, o mundo hoje perdeu um grande escritor, pode-se dizer, um gênio, ou melhor, um mestre.


Cakau.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

FORTES VENTOS

“Pense em uma árvore.

Você pode trazê-la para dentro do quarto e, de certa maneira, ela será protegida; o vento não será forte para ela. Quando as tempestades estiverem acontecendo lá fora, ela estará fora de perigo.

Entretanto, não haverá desafio; tudo será protegido.

Você poderá colocá-la numa estufa, mas, aos poucos, a árvore começará a ficar amarela, deixará de ser verde. Alguma coisa bem lá no seu interior começará a morrer.

Aqueles fortes ventos que batem firme não são realmente inimigos. Na vida, eles ajudam você a integrar-se. Parece até que vão desenraizá-lo, mas, ao lutar com eles, você se enraíza. Você faz com que suas raízes se aprofundem ainda mais, para que a tempestade não possa destruí-lo. O sol é muito quente e parece que vai queimar, mas a árvore suga mais água para se proteger contra o sol. Ela fica cada vez mais verde.

A árvore, ao lutar com as forças naturais, atinge uma certa alma.

A alma surge somente através da batalha. (Não é diferente conosco).

Se as coisas fossem muito fáceis, você começaria a se dispersar. Aos poucos, você se desintegraria, porque a integração não seria necessária. Você se tornaria como uma criança mimada.

Assim, quando um desafio surgir, viva-o corajosamente.

O desafio dá forma à vida.”

(Osho)


É isso aí. Por mais que fiquemos assustados diante das dificuldades elas têm o objetivo de nos fortalecer.

Que possamos ter bravura, persistência e esperança, porque tudo é passageiro.

Um ótimo feriado pra vocês.

Cakau.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Ser/Perceber

Não tenho escrito há vários dias, mas hoje me deu uma grande vontade.
Vontade de passar para o papel alguns frutos de minhas últimas reflexões...como me disse uma pessoa muito especial nesse fim de semana: " amanhã você não será a mesma e terá muito o que pensar. "

Li hoje uma frase que dizia que muitas vezes aconselhamos as pessoas, mas que aquele mesmo conselho nos revelava nossos próprios erros, nossas próprias limitações.

Há um ditado que diz que quando apontamos o dedo para o outro, há 3 dedos apontados para nós.

E daí advém o título desse texto: será que percebemos o que ainda não conseguimos ser?
Queremos que o outro seja aquilo que ainda não sou, cobro o que ainda não sou capaz de dar.

E me veio o seguinte pensamento: você só tem a capacidade de perceber fora, aquilo que está dentro de você.
Tem que encontrar eco, senão não rola.

Percebemos o mundo e o que está no outro com o que temos em nosso interior, com toda a nossa bagagem.

Conseguimos perceber aquilo que conseguimos ser.

Que bom que nossa capacidade de percepção pode expandir-se revelando quem realmente somos.
Seres divinos em eterna evolução.

Ótima semana para todos!

sábado, 22 de maio de 2010

Morte

Passagem;
Transcendência;
Libertação.

Separação;
Tristeza;
Libertação.

Descanso;
Vazio;
Libertação.

Perda;
Luto;
Libertação.

Desilusão;
Aceitação;
Libertação.

Adaptação;
Superação;
Libertação.

Recomeço;
Reinício;
Libertação.


A vida é sábia.


Cakau.

.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Ando flertando ultimamente com o Zen-Budismo, filosofia oriental baseada nos ensinamentos de Buda, tendo como prática básica a meditação contemplativa que visa levar o praticante à “experiência direta da realidade”.

Não estou com essa bola toda, mas tem me agradado bastante ler sobre isso, principalmente o autor Osho, um indiano que dizia que estava ajudando a criar condições para o nascimento de um novo ser humano, mais lúcido e consciente de si mesmo.

Tarefa hercúlea essa, não? É o que mais fazemos: fugir de nós mesmos. Mas, enfim... tudo é uma questão de treino e de vontade.

Todos os dias tiro um tempinho para pensar e leio uma página do livro “Osho - 365 meditações diárias”. São somente alguns minutos, porém, preciosos, em que me alimento de palavras bonitas e esperançosas, que me fazem um bem enorme e que funcionam como um combustível para a minha alma.

Um dos capítulos me chamou a atenção. Chama-se “Começar de novo”, e diz assim:

“Todos os inventores são considerados loucos, excêntricos.E são sim, porque eles vão além do limite. Eles encontram seus próprios percursos. Nunca seguem pelas auto-estradas, estas não são para eles; eles se movem na floresta. Há perigo: podem se perder, podem não ser capazes de novamente voltar para a multidão, estão perdendo contato com o rebanho...

Às vezes, você pode fracassar – com o novo sempre existe perigo – mas haverá excitação. E vale a pena arriscar por essa excitação – vale a pena por qualquer preço. Assim, traga algo novo para o velho trabalho – para que ele se torne próspero, para que ele não se torne mecânico, mas se torne orgânico – ou mude tudo e comece a fazer algo completamente novo. Volte ao abecedário e torne-se um ceramista, um músico, um dançarino ou um vagabundo – qualquer coisa serve!

Normalmente a mente dirá que isto está errado – agora você está estabelecido, tem um certo nome, uma certa fama e muitas pessoas o conhecem, seu trabalho está indo bem e está lhe pagando bem, as coisas estão ajustadas... por quê se importar?

Sua mente dirá isso.

Nunca escute a mente; a mente está a serviço da morte.”

Quem nunca se deparou com a crueldade com que a mente nos domina vez por outra? Ela deveria estar a nosso serviço e não o contrário.

Movimento é fundamental para que não sejamos “mortos” em vida.


Cakau.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Há uns dias atrás, assisiti a um filme chamado “500 dias com ela”. Ainda está passando em algumas salas do Rio (poucas), mas assisti em DVD.

Simplesmente, adorei!!!!

O modo como o roteiro foi montado, a maneira como a história foi apresentada, despertou minha curiosidade para saber qual seria o desfecho.

Um outro ponto que me chamou a atenção foi pela história ser contada através da ótica masculina. O personagem do filme tem dúvidas, projeta suas expectativas (equivocadas, diga--se de passagem) e se apaixona loucamente a ponto de quase perder a razão. Pasmem! Isso não acontece só com as mocinhas dos romances.

Assim é esse homem. Acreditando naquele amor absolutamente romântico, tenta, a todo custo, colocar a bonitinha (por sinal, adorei o figurino dela) num lugar que ele mesmo criou, o de Mulher Ideal (com letras maiúsculas, de propósito). Confesso que torci um pouco por ele no início mas logo vi que era furada. Ele forçou um pouco a barra.

Esse filme dá o que pensar porque essa busca implacável e frenética pela PESSOA, aquela que vai nos completar, espelha a maioria de nós que vivemos procurando esse amor perfeito..... encaixar de algum jeito alguém no nosso padrão de amor. Um pouco egocêntrico, não? E,com certeza, fora da realidade.

Cazuza já dizia no seu lindo Blues da Piedade:
Pra quem não sabe amar..... fica esperando alguém que caiba nos seus sonhos....

Tão bonito, tão sábio.....

Mas... quer saber? Quem nunca passou por uma situação dessas, que atire a primeira pedra.

Amem de qualquer jeito.

O resto é conversa fiada.

Cakau.

domingo, 11 de abril de 2010

Desenvolvemos a palavra para que possamos nos comunicar e nos expressar.

Cabe a nós a responsabilidade de manter essa comunicação o mais clara e transparente possível.
Quando não conseguimos essa clareza, podemos correr o risco de sermos mal interpretados ou de surgirem mal entendidos. Quando essas situações acontecem, desfiamos um rosário enooorme de justificativas para nos defender – “Falei isso mas quis dizer outra coisa”, “Sei lá, pensei e não falei”, “Pra bom entendedor meia palavra basta” e por aí vai.

Como assim?????? Como vamos falar uma coisa pensando em dizer outra? Meia palavra? O que significa isso? Onde nós estamos? Na Torre de Babel ou falando o mesmo idioma?
E o que dizer do silêncio, quando alguém nos deixa sem resposta? Existe coisa mais irritante do que isso? O que isso quer dizer?

O que percebo atualmente é uma grande dificuldade de nos comunicarmos uns com os outros por conta daquilo que considero uma característica dos nossos dias: a luta em assumirmos nossos sentimentos e emoções perante nós mesmos e, como conseqüência, diante dos outros.

Estamos sempre em cima do muro, não querendo bancar o preço pelas nossas escolhas. Digo sim ou não? Vou para a esquerda ou para a direita? É branco ou preto? A filosofia oriental diz que vale a pena viver eternamente no inferno em troca de apenas um momento no paraíso. No meio do caminho não vamos a lugar nenhum, ficamos paralisados.

Entretanto, às vezes, preferimos olhar o paraíso de longe ou sentir inveja daqueles que lá estiveram porque temos medo desse inferno pavoroso que, muitas vezes, já é vivenciado em pequenas doses, diariamente, sem que percebamos. Esse inferno a que estou me referindo nada tem a ver com diabinhos, tridentes e fogo, mas com o caldeirão interno que não nos permite agir por medo de errar. Pensamos: “E se....?” E aí ,não decidimos. Vamos adiando, adiando, adiando, deixando para amanhã, e o amanhã nunca chega. Ufa!!!!

Um sábio da antiguidade disse: “Seja quente ou frio, morno jamais.”

Para o nosso bem, sair de cima do muro é sempre a melhor solução. É claro, que nem sempre sabemos agir, decidir ou responder com rapidez diante de algumas situações. Entretanto, como a vida é muito generosa, permite que fiquemos um pouco sem sabermos para onde ir, mas isso não dura para sempre.

Se não fazemos essa escolha conscientemente, sem dúvida, a vida faz por nós e aí, nesse caso, não teremos outra opção a não ser seguir os seus desígnios.


A propósito: de que lado do muro você está?


Cakau.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Hoje vou falar um pouco sobre o Monge zen-budista japonês Yasuhiko Genku Kimura.
Ele ajuda as pessoas a encontrar sua verdadeira paixão, que ele denomina Paixão da Alma. Trata-se da essência genuína, aquilo que realmente somos.

Para ele, a paixão de toda alma é evoluir, o que significa tornar-se cada vez mais ela mesma.

O monge acredita que cada alma tem uma missão específica, que é da sua responsabilidade e não pode ser transferida a ninguém.
Realizar-se é tudo o que nossa alma deseja.
Não há felicidade maior do que descobrir a paixão e estabelecer consigo o compromisso de viver de forma coerente com essa verdade mais íntima.

A originalidade é um dos critérios para saber se alguém é iluminado ou não, porque quando uma pessoa se ilumina, se torna ela mesma.

Pergunta: a sensação de descobrir essa paixão interior é parecida com a que temos quando nos apaixonamos por alguém?
R. Sim, com certeza. Porque quando você se apaixona de verdade descobre a si mesmo no outro, e entra em contato com você por meio dessa outra pessoa.
Há muita paixão no amor.
Mas para se relacionar com alguém de maneira saudável, é necessário estabelecer antes uma relação plena e feliz consigo mesmo. Não tem jeito.
Somente dessa maneira começamos a perceber quem somos e conquistamos a chance de amar e dividir com alguém toda a beleza e plenitude da vida. Sem amarmos à nós mesmos, corremos o risco de tentar suprir nossas carências internas nas relações e externas, num jogo de apego.

....................

Que cada um descubra a sua paixão,
que consiga ancorar-se em si próprio,
redescobrindo-se e amando-se.

Stellita.
Pt., 01 de abril de 2010

Nessa época do ano acontece no Japão um dos fenômenos mais lindos com que a natureza nos presenteia: a floração das cerejeiras.

A esse fenômeno dá-se o nome de Sakurá. Não só de rara beleza mas também de grande importância para a população japonesa, há uma mobilização de todos para apreciar a maravilhosa explosão de cores nessas flores que duram apenas duas semanas, antes de murchar e morrer.

O simbolismo também é lindo, representando a vida dos samurais, cuja maior honraria era ser enterrado num campo coberto de pétalas de cerejeiras.

Há uns dias atrás fiz um post falando sobre a assustadora impermanência, que ronda a nossa vida em todos os instantes, modificando e alterando tudo ao nosso redor, sem que possamos controlar o rumo dos acontecimentos.

A floração das cerejeiras também é um fenômeno de impermanência, efêmero, porém, enquanto dura, é um espetáculo de rara beleza para os olhos de quem o aprecia.

Ninguém se nega a assistir ao espetáculo com medo de que em pouco tempo aquelas flores não estarão mais lá. Pelo contrário, reunem-se todos para comemorar e aproveitar a beleza, celebrar a vida, exatamente por saber que dali a pouco aquilo não mais existirá.

Essa reverência, sutileza e sensibilidade fazem parte do pensamento oriental que entende muito bem que estamos aqui de passagem e devemos aproveitar, sorver e apreciar o que de belo a vida nos dá, mesmo sabendo que um dia tudo acaba.

Considero essa uma grande lição, uma contribuição valiosíssima, a aceitação de que tudo acaba, mas também tudo começa de novo. O fim chega para dar lugar ao que está começando, num ir e vir contínuo, numa constante lição de desapego.

A finitude faz parte da vida. Os recomeços também. Que bom!

Cakau.

sábado, 27 de março de 2010

Acabei de ler um livro que tem um roteiro no mínimo original: “A mulher do viajante do tempo”, da americana Audrey Niffenegger.

A história gira em torno do personagem Henry DeTamble , portador de uma doença rara que o faz viajar no tempo. Esse deslocamento se dá tanto no passado quanto no futuro. Basta o personagem passar por alguma situação de angústia que lá está ele transitando, independente de sua vontade, por essas dimensões.

Cansativo, a princípio, pelas muitas idas e vindas do personagem, em ritmo quase frenético, o livro começa a tomar corpo no romance com Clare Abshire. Quando percebi, já estava torcendo por eles e curiosa para saber o que acontecia na próxima página.

Permeado por momentos poéticos quando descreve o amor entre os personagens, tristes quando volta ao dia em que Henry perde sua mãe, de angústia quando procura explicações e cura para sua doença e de suspense quando não se sabe o próximo lugar onde vai estar, o livro trata de um tema que a todos nós, com raríssimas exceções ,assusta: a impermanência, ou seja, a mudança constante com que nos deparamos em nossa vida ou a falta de controle sobre a maioria dos acontecimentos que nos visitam.

Embora pareça que vivemos numa rotina sem fim, numa repetição constante de afazeres, isso é pura ilusão. Estamos em constante transformação, a começar por nossas células que a cada período se renovam e se refazem sem que percebamos. Portanto, acordamos de um jeito e à noite, já somos outras pessoas quer queiramos ou não.

No campo das idéias e crenças, é óbvio, isso se dá de forma mais lenta pois uma mudança de paradigma pode afetar de maneira bastante significativa toda a nossa estrutura emocional, consequentemente toda a nossa vida. Quando percebemos, estamos sendo levados por uma grande avalanche onde a saída é somente andar para a frente sem olhar para trás e isso pode assustar .

Quando isso acontece, acho que o melhor é dar as mãos ao destino e seguir sem resistências, apesar do medo.

Quem sabe assim conseguimos lidar melhor com essa tal impermanência , que fingimos não existir?

Cakau.
Começo hoje esse texto citando uma frase da Cris, que ontem me disse que se tivesse que se desfazer do castelo de areia que ela construiu para construir outro mais sólido, mesmo doendo, ela o faria.

E junto com essa frase, veio à minha memória um email que reenviei há dois dias para duas pessoas muito queridas, sobre os monges e sua arte em sal colorido.
Eles constroem as mandalas com muito esmero, atenção e carinho até que saiam perfeitas, e então desmancham tudo para depois fazer tudo de novo...

Por mais que a gente não queira ver ou não queira aceitar, assim é a vida.
Mudando a cada minuto. Nem nós conseguimos ser os mesmos o tempo todo, apesar de nos obrigar-nos a isso.

Para mim, isso é como uma faca de dois gumes: se tudo muda, se nada é eterno e se não temos o controle de nada, também não podemos ter grandes expectativas em relação as coisas. Não conseguiremos nos sentir totalmente seguros em nenhuma situação: não sabemos quando iremos morrer, se esse casamento será eterno, como serão nossos filhos quando adultos...isso por mais que cuidemos de nossa saúde, invistamos tudo nessa relação e demos o melhor de educação e muito amor aos nossos rebentos.

Então fica a pergunta: qual o valor de tudo?
Ou qual o objetivo de estarmos aqui?

Não tenho uma reposta pronta, é lógico, mais como uma boa " pensadora " poderia colocar algumas idéias para que possamos considerar...que o grande barato de tudo é estarmos aqui e agora, respirando, vivos, e se a gente conseguir olhar, tocar, ouvir, sentir o cheiro, perceber de verdade o que nos cerca e interagir com o que de real está ali nesse momento, temos grandes chances de concluir que a vida vale a pena, é linda.

Que a todo momento se revelam oportunidades de experiências novas, algumas prazerosas, outras nem tanto, mas todas com certeza absoluta nos farão pessoas melhores, mais lúcidas, e porque não, mais felizes, uma vez aprendida a lição.

Que sejamos então os melhores aprendizes da vida!

Stellita.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Quem foi que disse,

ser possível amar sem sofrer,
brincar com fogo e não se queimar,
comer doce e não engordar?

Quem foi que disse que viver é fácil,
que homem não chora,
e que tudo passa?

Que sozinhos não somos nada,
Mas que sozinhos também podemos ser felizes.

Que a vida é contraditória,
porque a contradição faz parte da nossa própria existência.

Que não há respostas prontas,
e sim com receitas cujos ingredientes se modificam a todo instante.

Tem a transitoriedade faz parte da vida,
e graças à ela temos a oportunidade de fazer diferente,

Sempre.

Stellita.

terça-feira, 23 de março de 2010

Coragem

Estava aqui pensando...o que escrever no blog?
E meio sem assunto, pensei mesmo foi na minha vida.

Nas decisões tomadas, no medo que isso dá, e na coragem.
Coragem para olhar, coragem para assumir, coragem para mudar.

Se o medo ali habita, essa coragem divide com ele o mesmo lugar.

E acho que é isso, nem acovardados o tempo todo, nem destemidos infinitamente.

Talvez seja chegar perto do medo, saber que ele está ali, mas que diferente dele que nos paralisa,
temos a coragem para impulsionarmo-nos, desafiada pela vontade de ser feliz e de querer mais.

E se de coragem precisamos para irmos além,
dela também precisamos para ficarmos parados e acomodados.

De deixar o medo nos aprisionar,
De deixar a vida passar,
De deixar de desejar.

E se temos essa coragem todos os dias da nossa vida,
Por que não se apossar dela e fazer diferente?

Para renovar, transmutar e transpor limites?

Estamos aqui, meninas,
Vivas para sermos felizes.

Felicidade já!
Essa foi uma contribuição do meu filho, Bernardo:

" Às vezes, construímos sonhos

em cima de grandes pessoas...

O tempo passa...

e descobrimos que

grandes eram os sonhos

e as pessoas pequenas demais

para torná-los reais."
(Bob Marley)


Lendo isso pode rolar um baixo astral...
Uma vontade de nos sentirmos vítimas do mundo e das pessoas, os coitadinhos da vez.

Nada disso. A responsabilidade pelas expectativas ilusórias e descabidas é nossa. Cada um de nós que fique atento para não descarregá-las naqueles que fazem parte da nossa convivência.

Acho melhor do que responsabilizar o outro pelas nossas frustrações.

Quem se habilita?

Postado por Cakau em 23/3/10.

sábado, 20 de março de 2010

Essa é pra gente pensar:

De vez em quando, nos sentimos o máximo por achar que entendemos muito da vida e isso se reflete nas coisas mais insignificantes e corriqueiras.

Estou euzinha, sentada, ontem, tomando um café com a minha irmã num shopping do Rio, quando começo a observar as pessoas ao meu redor.

Entram na cafeteria uma moça de seus vinte e poucos anos, bronzeada, com uma blusa suuuper decotada nas costas, enfim, de chamar a atenção, acompanhada de dois rapazes também nessa faixa etária e, então, eu solto a minha super teoria dos relacionamentos, uma pérola, uma super inspiração, dizendo para a minha santa irmã (coitada, teve que escutar) que as pessoas para se escolherem e ficarem juntas precisam ser parecidas também nos tipos físicos e no estilo de se vestir, ou algo parecido. Falei isso porque tinha a certeza absoluta de que um dos rapazes era seu namorado me baseando na minha super teoria revolucionária.

Não satisfeita, comecei a observar outras pessoas e como se estivesse de posse de uma metralhadora , saí rotulando um a um que passava pela minha frente: “Aquele que tem cara de nerd jamaaais namoraria uma patricinha. Aquele com cara de lutador de jiu-jitsu não ia gostar nunquinha de uma intelectual. Aquela certinha não ia querer namorar um surfista” e por aí foi. Minha irmã, pobrezinha, me olhava de um jeito meio estranho e me perguntava será? O que lhe restava diante das minhas certezas?

Qual não foi minha surpresa quando o rapaz que eu achava que era seu namorado, aquele que se encaixava perfeitamente na minha grande teoria, não era o seu namorado.
O namorado era o outro!!!!!! Caímos na gargalhada (nessas horas o melhor é rir) e eu tive que admitir que a minha teoria maravilhosa tinha caído por terra ali mesmo. Que bom porque vai que eu acredito nela por mais tempo?

Quando que a complexidade permite fórmulas, fôrmas e coisas prontas e rotuladas?
Deve ter sido excesso de cafeína.

Postado por Cakau em 20/3/10

quinta-feira, 18 de março de 2010

" Não quero mais me lamentar

Mesmo porque

não tenho mais de que.


Se o sabiá voou,

ficou-me o bem-te-vi.


Se a amor acabou

fica o estamos aí.


Eu tenho a grama do jardim

e mais, tenho-me a mim. "



( Renata Pallottini, Noite Afora. São Paulo, Brasiliense 1978 p. 23 ).


Entramos e saímos desse mundo absolutamente sós.

Como diz minha psi, a única conquista verdadeira é a de nós mesmos.

A conquista do outro é ilusão.


Portanto, para tudo, na saúde a na doença, na alegria e na tristeza, na pobreza e na

riqueza, só temos a nós.


Desejo que esse casamento seja o mais feliz possível.


( postado por Cakau em 19

Onde tudo começou

Somos amigas há vários anos, desde os tempos de faculdade.
Ao longo desses anos todos sempre trocamos muitas idéias, e que em muito nos ajudaram a superar os obstáculos que nos foram apresentados, a encontrar um sentido maior para a nossa vida, e a encontrar beleza até mesmo onde a obviedade não nos permitia.

Daí partiu-se a idéia de compartilhar com mais pessoas muito dos nossos pensamentos, impressões e sentimentos.
Quem sabe não seria essa uma oportunidade de fazer a diferença na vida de outros, como aconteceu conosco?

Sejam bem vindos!