sábado, 27 de março de 2010

Acabei de ler um livro que tem um roteiro no mínimo original: “A mulher do viajante do tempo”, da americana Audrey Niffenegger.

A história gira em torno do personagem Henry DeTamble , portador de uma doença rara que o faz viajar no tempo. Esse deslocamento se dá tanto no passado quanto no futuro. Basta o personagem passar por alguma situação de angústia que lá está ele transitando, independente de sua vontade, por essas dimensões.

Cansativo, a princípio, pelas muitas idas e vindas do personagem, em ritmo quase frenético, o livro começa a tomar corpo no romance com Clare Abshire. Quando percebi, já estava torcendo por eles e curiosa para saber o que acontecia na próxima página.

Permeado por momentos poéticos quando descreve o amor entre os personagens, tristes quando volta ao dia em que Henry perde sua mãe, de angústia quando procura explicações e cura para sua doença e de suspense quando não se sabe o próximo lugar onde vai estar, o livro trata de um tema que a todos nós, com raríssimas exceções ,assusta: a impermanência, ou seja, a mudança constante com que nos deparamos em nossa vida ou a falta de controle sobre a maioria dos acontecimentos que nos visitam.

Embora pareça que vivemos numa rotina sem fim, numa repetição constante de afazeres, isso é pura ilusão. Estamos em constante transformação, a começar por nossas células que a cada período se renovam e se refazem sem que percebamos. Portanto, acordamos de um jeito e à noite, já somos outras pessoas quer queiramos ou não.

No campo das idéias e crenças, é óbvio, isso se dá de forma mais lenta pois uma mudança de paradigma pode afetar de maneira bastante significativa toda a nossa estrutura emocional, consequentemente toda a nossa vida. Quando percebemos, estamos sendo levados por uma grande avalanche onde a saída é somente andar para a frente sem olhar para trás e isso pode assustar .

Quando isso acontece, acho que o melhor é dar as mãos ao destino e seguir sem resistências, apesar do medo.

Quem sabe assim conseguimos lidar melhor com essa tal impermanência , que fingimos não existir?

Cakau.

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