segunda-feira, 26 de abril de 2010

Há uns dias atrás, assisiti a um filme chamado “500 dias com ela”. Ainda está passando em algumas salas do Rio (poucas), mas assisti em DVD.

Simplesmente, adorei!!!!

O modo como o roteiro foi montado, a maneira como a história foi apresentada, despertou minha curiosidade para saber qual seria o desfecho.

Um outro ponto que me chamou a atenção foi pela história ser contada através da ótica masculina. O personagem do filme tem dúvidas, projeta suas expectativas (equivocadas, diga--se de passagem) e se apaixona loucamente a ponto de quase perder a razão. Pasmem! Isso não acontece só com as mocinhas dos romances.

Assim é esse homem. Acreditando naquele amor absolutamente romântico, tenta, a todo custo, colocar a bonitinha (por sinal, adorei o figurino dela) num lugar que ele mesmo criou, o de Mulher Ideal (com letras maiúsculas, de propósito). Confesso que torci um pouco por ele no início mas logo vi que era furada. Ele forçou um pouco a barra.

Esse filme dá o que pensar porque essa busca implacável e frenética pela PESSOA, aquela que vai nos completar, espelha a maioria de nós que vivemos procurando esse amor perfeito..... encaixar de algum jeito alguém no nosso padrão de amor. Um pouco egocêntrico, não? E,com certeza, fora da realidade.

Cazuza já dizia no seu lindo Blues da Piedade:
Pra quem não sabe amar..... fica esperando alguém que caiba nos seus sonhos....

Tão bonito, tão sábio.....

Mas... quer saber? Quem nunca passou por uma situação dessas, que atire a primeira pedra.

Amem de qualquer jeito.

O resto é conversa fiada.

Cakau.

domingo, 11 de abril de 2010

Desenvolvemos a palavra para que possamos nos comunicar e nos expressar.

Cabe a nós a responsabilidade de manter essa comunicação o mais clara e transparente possível.
Quando não conseguimos essa clareza, podemos correr o risco de sermos mal interpretados ou de surgirem mal entendidos. Quando essas situações acontecem, desfiamos um rosário enooorme de justificativas para nos defender – “Falei isso mas quis dizer outra coisa”, “Sei lá, pensei e não falei”, “Pra bom entendedor meia palavra basta” e por aí vai.

Como assim?????? Como vamos falar uma coisa pensando em dizer outra? Meia palavra? O que significa isso? Onde nós estamos? Na Torre de Babel ou falando o mesmo idioma?
E o que dizer do silêncio, quando alguém nos deixa sem resposta? Existe coisa mais irritante do que isso? O que isso quer dizer?

O que percebo atualmente é uma grande dificuldade de nos comunicarmos uns com os outros por conta daquilo que considero uma característica dos nossos dias: a luta em assumirmos nossos sentimentos e emoções perante nós mesmos e, como conseqüência, diante dos outros.

Estamos sempre em cima do muro, não querendo bancar o preço pelas nossas escolhas. Digo sim ou não? Vou para a esquerda ou para a direita? É branco ou preto? A filosofia oriental diz que vale a pena viver eternamente no inferno em troca de apenas um momento no paraíso. No meio do caminho não vamos a lugar nenhum, ficamos paralisados.

Entretanto, às vezes, preferimos olhar o paraíso de longe ou sentir inveja daqueles que lá estiveram porque temos medo desse inferno pavoroso que, muitas vezes, já é vivenciado em pequenas doses, diariamente, sem que percebamos. Esse inferno a que estou me referindo nada tem a ver com diabinhos, tridentes e fogo, mas com o caldeirão interno que não nos permite agir por medo de errar. Pensamos: “E se....?” E aí ,não decidimos. Vamos adiando, adiando, adiando, deixando para amanhã, e o amanhã nunca chega. Ufa!!!!

Um sábio da antiguidade disse: “Seja quente ou frio, morno jamais.”

Para o nosso bem, sair de cima do muro é sempre a melhor solução. É claro, que nem sempre sabemos agir, decidir ou responder com rapidez diante de algumas situações. Entretanto, como a vida é muito generosa, permite que fiquemos um pouco sem sabermos para onde ir, mas isso não dura para sempre.

Se não fazemos essa escolha conscientemente, sem dúvida, a vida faz por nós e aí, nesse caso, não teremos outra opção a não ser seguir os seus desígnios.


A propósito: de que lado do muro você está?


Cakau.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Hoje vou falar um pouco sobre o Monge zen-budista japonês Yasuhiko Genku Kimura.
Ele ajuda as pessoas a encontrar sua verdadeira paixão, que ele denomina Paixão da Alma. Trata-se da essência genuína, aquilo que realmente somos.

Para ele, a paixão de toda alma é evoluir, o que significa tornar-se cada vez mais ela mesma.

O monge acredita que cada alma tem uma missão específica, que é da sua responsabilidade e não pode ser transferida a ninguém.
Realizar-se é tudo o que nossa alma deseja.
Não há felicidade maior do que descobrir a paixão e estabelecer consigo o compromisso de viver de forma coerente com essa verdade mais íntima.

A originalidade é um dos critérios para saber se alguém é iluminado ou não, porque quando uma pessoa se ilumina, se torna ela mesma.

Pergunta: a sensação de descobrir essa paixão interior é parecida com a que temos quando nos apaixonamos por alguém?
R. Sim, com certeza. Porque quando você se apaixona de verdade descobre a si mesmo no outro, e entra em contato com você por meio dessa outra pessoa.
Há muita paixão no amor.
Mas para se relacionar com alguém de maneira saudável, é necessário estabelecer antes uma relação plena e feliz consigo mesmo. Não tem jeito.
Somente dessa maneira começamos a perceber quem somos e conquistamos a chance de amar e dividir com alguém toda a beleza e plenitude da vida. Sem amarmos à nós mesmos, corremos o risco de tentar suprir nossas carências internas nas relações e externas, num jogo de apego.

....................

Que cada um descubra a sua paixão,
que consiga ancorar-se em si próprio,
redescobrindo-se e amando-se.

Stellita.
Pt., 01 de abril de 2010

Nessa época do ano acontece no Japão um dos fenômenos mais lindos com que a natureza nos presenteia: a floração das cerejeiras.

A esse fenômeno dá-se o nome de Sakurá. Não só de rara beleza mas também de grande importância para a população japonesa, há uma mobilização de todos para apreciar a maravilhosa explosão de cores nessas flores que duram apenas duas semanas, antes de murchar e morrer.

O simbolismo também é lindo, representando a vida dos samurais, cuja maior honraria era ser enterrado num campo coberto de pétalas de cerejeiras.

Há uns dias atrás fiz um post falando sobre a assustadora impermanência, que ronda a nossa vida em todos os instantes, modificando e alterando tudo ao nosso redor, sem que possamos controlar o rumo dos acontecimentos.

A floração das cerejeiras também é um fenômeno de impermanência, efêmero, porém, enquanto dura, é um espetáculo de rara beleza para os olhos de quem o aprecia.

Ninguém se nega a assistir ao espetáculo com medo de que em pouco tempo aquelas flores não estarão mais lá. Pelo contrário, reunem-se todos para comemorar e aproveitar a beleza, celebrar a vida, exatamente por saber que dali a pouco aquilo não mais existirá.

Essa reverência, sutileza e sensibilidade fazem parte do pensamento oriental que entende muito bem que estamos aqui de passagem e devemos aproveitar, sorver e apreciar o que de belo a vida nos dá, mesmo sabendo que um dia tudo acaba.

Considero essa uma grande lição, uma contribuição valiosíssima, a aceitação de que tudo acaba, mas também tudo começa de novo. O fim chega para dar lugar ao que está começando, num ir e vir contínuo, numa constante lição de desapego.

A finitude faz parte da vida. Os recomeços também. Que bom!

Cakau.