quinta-feira, 1 de abril de 2010

Pt., 01 de abril de 2010

Nessa época do ano acontece no Japão um dos fenômenos mais lindos com que a natureza nos presenteia: a floração das cerejeiras.

A esse fenômeno dá-se o nome de Sakurá. Não só de rara beleza mas também de grande importância para a população japonesa, há uma mobilização de todos para apreciar a maravilhosa explosão de cores nessas flores que duram apenas duas semanas, antes de murchar e morrer.

O simbolismo também é lindo, representando a vida dos samurais, cuja maior honraria era ser enterrado num campo coberto de pétalas de cerejeiras.

Há uns dias atrás fiz um post falando sobre a assustadora impermanência, que ronda a nossa vida em todos os instantes, modificando e alterando tudo ao nosso redor, sem que possamos controlar o rumo dos acontecimentos.

A floração das cerejeiras também é um fenômeno de impermanência, efêmero, porém, enquanto dura, é um espetáculo de rara beleza para os olhos de quem o aprecia.

Ninguém se nega a assistir ao espetáculo com medo de que em pouco tempo aquelas flores não estarão mais lá. Pelo contrário, reunem-se todos para comemorar e aproveitar a beleza, celebrar a vida, exatamente por saber que dali a pouco aquilo não mais existirá.

Essa reverência, sutileza e sensibilidade fazem parte do pensamento oriental que entende muito bem que estamos aqui de passagem e devemos aproveitar, sorver e apreciar o que de belo a vida nos dá, mesmo sabendo que um dia tudo acaba.

Considero essa uma grande lição, uma contribuição valiosíssima, a aceitação de que tudo acaba, mas também tudo começa de novo. O fim chega para dar lugar ao que está começando, num ir e vir contínuo, numa constante lição de desapego.

A finitude faz parte da vida. Os recomeços também. Que bom!

Cakau.

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